Já passamos pelo primeiro e agora estamos prestes a passar pelo segundo aniversário em meio a esta pandemia. Puxa vida quem podia imaginar uma coisa dessas! Aniversários não foram feitos para isso, não foram feitos para poucos; precisa ter bagunça, risada, balões, gente pra lá e pra cá. São eventos aguardados, planejados e, via de regra, muito festejados! Assim como a Primavera que nos recebe florida e encantada, também nosso aniversário, ou nossa primavera, é uma data especial, uma mudança de ciclo, de idade e, muitas vezes, até de década! Você pode também, imaginem só, adquirir um status diferente fazendo aniversário, como por exemplo: balzaquiana, idoso(a), teenager, maioridade, quarentão etc. Pois é, quem diria que ganhariam outra dimensão, que seriam comemorados por poucos, que se transformariam muito mais em um momento de comunhão do que de pura diversão. Sim, mudamos o status de nossas comemorações. Sabe “antigamente”, há 1 ano, 1 ano e pouco atrás? Então... quando a gente ainda não estava bem certo o que iria fazer no aniversário e logo soltávamos: “ah sei lá, de repente só um bolinho, nada demais.” Pois é... O que virou essa frase? Alguns podem hoje até dizer, ironicamente, que pagamos a língua por causa dela. Ao pensar no meu aniversário, que logo mais estará por aí, também provavelmente soltarei a mesma frase famosa e planejarei um bolinho e nada mais. Talvez alguns pães de queijo com o café da tarde, um almoço gostoso com pouquíssimos jogos americanos dispostos na mesa, meu prato predileto, uma apetitosa salada e só.
Meu filho acabou de fazer aniversário em casa, seu segundo aniversário quarentenado... Ano passado fez 18, data simbólica e importante, não achávamos que nos 19 seria igual. Mas foi. Frente a este fato, bem concreto eu diria, pedi para ele escolher muitas coisas, entre elas, o sabor do bolo que queria, o que seria servido no almoço, a noite ele escolheu os sabores da pizza, compramos algo pela internet para estar na mesa logo ao raiar do dia. Enfim. Teve festa. Só para nós mesmos, mas foi festa. O dia estava como num cartão postal, ensolarado que não se via uma nuvem no céu. Então coloquei uma mesa no jardim, comprei guardanapos de papel diferentes, fiz o bolo desejado. Cantamos parabéns, soprou velinha, cortou a primeira fatia, batemos palmas efusivas, tiramos fotos para guardar de lembrança. Sim, foi festa, alguém pode dizer que não foi? Os convidados foram chegando aos poucos através das ligações telefônicas de tias, de WhatsApp de amigos, de mensagens em redes sociais. Sim, foi lembrado e festejado também à distância, porque não! Quantas mudanças em uma singela comemoração que, em sua simplicidade, pôde ser comemorada igualmente com entusiasmo e compreendida como a opção viável. Quem nos disse que não poderia ter festa? Quem nos proibiu de comemorar com alegria, afeto e certa dose de resiliência? Sim, uma das coisas que esta época nos pede é isso. Ter a capacidade de se adaptar às mudanças impostas por tempos tão peculiares. Resiliência: palavrinha que nos abraçou bem de perto sem se importar sequer com o tal do distanciamento social.
Durante todo o dia do aniversário de seus 19 anos pensei o que poderia ter sido, se nada disso houvesse... Sim, confesso que isso passou rapidamente por entre meus botões maternos. Mas a necessidade de fazer diferente imposta por tal época, a vontade de que desse certo no quesito alegria e amor, o olhar mais voltado para o que tínhamos no momento, fizeram toda a diferença naquele dia. Um aniversário com uma carinha Hygge, nos mostrando que este estilo de vida tão interessante e atual, vindo lá de longe da gélida Dinamarca, está super na moda, é muito apropriado para os dias de hoje e sim, nos traz um calorzinho diferente à alma. A pandemia ainda não acabou. Vamos falar dela, vivenciá-la, ainda mais um pouquinho. Muitos dizem que “vai passar”. Eu acredito nisso! Nossas opções se reduziram sim, se antes era possível farrear até o galo cantarolar em ruidosas aglomerações, hoje teremos que lidar com um parco número de convidados, talvez somente os de casa mesmo. E será com graça que desfrutaremos do “Parabéns a você”, do bolo todo iluminado por velas incandescentes, do convívio com os queridos só de casa! Sim, se o que temos para hoje é estar só entre eles, que seja festivo, que seja alegre e delicioso! Mal posso esperar pelo meu aniversário!
E assim termina este pequeno texto contando um singelo momento chamado... Hygge!
Luciana Corrêa – Mixing Things with Love
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