Olá! Tudo bem por aí?
Quem nos acompanha já há algum tempo sabe que estamos sempre à procura de uma boa receita. Agora, se ela for antiga e com uma história interessante então, aí é bom demais!
Uma receita para chamar a nossa atenção é daquelas que já vem com muitas referências para serem pesquisadas. Pode vir com a história de um povo, de uma época, de um ou mais ingredientes. Nos obriga a consultar a história longínqua para entender de onde a receita veio e porque ela surgiu. Uma receita antiga, muito frequentemente, vem com algo nebuloso; é controversa e cheia de interrogações. Detalhes que, certamente, foram perdidos pelo tempo, mas nem por isso a receita deixa de ter a sua graça, a sua importância e mais, não deixa de nos cativar e nos enriquecer. Afinal, chegou até os dias de hoje não foi por acaso, foi porque sobreviveu ao tempo e ainda pode ser testada, experimentada e contada!
A receita deste post é de um bolo criado no século XIX (1820), o Gâteau Nantais. Acredita-se que o autor desta iguaria foi um padeiro francês chamado Rouleau. É tradicional da cidade de Nantes que fica às margens do rio Loire, na região da Alta Bretanha, oeste da França. O bolo é composto por manteiga, açúcar, farinha, ovos, amêndoas moídas e rum. Após assado, é mergulhado em um xarope com infusão de rum e, em seguida, é coberto por um glacê de açúcar que, muitas vezes, também é enriquecida com rum. Em algumas receitas, o Gâteau Nantais vem com uma camada de geleia de damasco.
Na época, Nantes era uma cidade portuária importante, e muitos ingredientes como o rum, o açúcar e a baunilha eram importados para a cidade e usados na criação de sobremesas locais. Cabe aqui citar o período das grandes navegações em que havia o ‘Comércio Triangular’, nome atribuído às relações comerciais estabelecidas entre três continentes do mundo: África, Europa e Américas (do Norte, do Sul e Central), entre os séculos XVI e XIX. Os europeus e suas metrópoles, como Portugal, Espanha, Inglaterra e França, encabeçaram esta forma de exploração e fizeram do mundo atlântico um negócio bastante lucrativo.
No século XVII, ingredientes das ilhas Antilhas Francesas, como a cana-de-açúcar, o rum e a baunilha, eram importados pela França continental através do Porto de Nantes. Por causa de um bloqueio francês à importação de açúcar espanhol, a indústria açucareira decolou em Nantes e em meados de 1700 havia mais de 15 refinarias de açúcar na cidade. O Gâteau Nantais combinou muitos desses ingredientes de luxo importados das colônias francesas.
Por ter uma longa vida útil, o Gâteau Nantais também era conhecido como Gâteau du Voyageur (bolo do viajante).
Uma receita antiga pode também ser esquecida, desaparecer das mesas com o passar das gerações... Com o Gâteau Nantais isso um dia, quase, aconteceu. Não fosse a iniciativa de uma empresa, esta receita cairia gradualmente no esquecimento ao longo dos anos. Ela, porém, recuperou a sua popularidade graças à marca LU, empresa francesa de biscoitos, que em 1910 decidiu produzi-lo, até a década de 1970.
Testamos a receita do site Encore un Gâteau e fizemos pequenas adaptações. Gostamos do resultado! Vale a pena experimentar.
Receita do Gâteau Nantais
Ingredientes:
100g de manteiga sem sal em temperatura ambiente
150g de açúcar refinado
3 ovos em temperatura ambiente
100g de farinha de amêndoas
40g de farinha de trigo
30ml de rum
Essência de amêndoas a gosto
1 colher de chá de fermento em pó
Modo de Fazer:
Bata em batedeira o açúcar e a manteiga até formar um creme liso. Vá acrescentando, aos poucos, os ovos, um a um. Coloque a essência. Desligue a batedeira. Acrescente as farinhas e mexa com o fuê. Acrescente por último o rum e o fermento. Coloque em uma forma de 15cm por aproximadamente 40 minutos. Desligue e deixe amornar.
Calda: misture 60g de açúcar de confeiteiro (ou açúcar impalpável) com 15g de rum até formar uma calda espessa. Aproveite!
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Luciana Corrêa – Mixing things with Love
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