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Luciana Corrêa

O chocolate!❤



Ele é universal, desperta paixões sem limite. Pouquíssimos são aqueles que tem a coragem de dizer o contrário. Serão estes seres de outro planeta? Talvez... Me perdoem a estranheza, mas chocolate, insisto em afirmar, é universal e insubstituível!


Ele é intenso ao mesmo tempo que agradável, ele não dá sossego ao paladar, nem tão pouco, aborrece o olhar, se é que posso deixar de olhá-lo... Já o coração? Este, se aquece e se enternece só de pensar. Chocolate acalma a alma logo na primeira mordida. Não encontra barreiras geográficas, aqui e acolá você pode encontrar; chocolate desafia o tempo e o espaço, não cabe sequer na palma da minha mão!



Ele começa no fruto, lá no pé de certa árvore... Alguém já viu? Vem em pencas, primeiro verde, depois amarela, laranja, vermelha, não sei bem a ordem. Daí, para virar chocolate, de tantas cores, sabores e texturas, já é um outro enredo! Antes, lá atrás, alguém olhou o fruto - cacau - e achou, imaginem, que poderia virar coisa completamente distinta do que é. Quanta criatividade e sapiência naquele olhar!


Quando abri pela primeira vez um cacau, tal qual se abre um ovo de Páscoa, achei - ingenuamente - que iria encontrar algo amarronzado ou cremoso. Não foi bem assim. No interior do fruto encontrei uma gosma branca envolvendo sementes robustas, de sabor meio adocicado, lembrando o de bala. Nada parecido com o que é para ser. Desse fruto para o chocolate, propriamente dito, muitas etapas acontecem, entre elas: a colheita, o transporte, a armazenagem, a limpeza e todos os processos industriais cabíveis. Eis que surge o chocolate, essa extraordinária iguaria de sabor único, que não se assemelha em nada a sua origem frutífera.



E com o chocolate descobrimos o Mundo! Outra coisa curiosa de se notar... Quando achamos que já vimos de tudo, quando achamos que nosso olhar já encontrou o horizonte lá longe, eis que surge mais uma montanha de opções o envolvendo. Parece que não há fim ou será que o fim não chegará nunca, enfim? Chocolate em pó, em barra, em calda, em gotas, granulado, blossoms. Também ao leite, meio amargo, amargo, branco, rubi ou dourado... Porcentagens que vão de 35% a 100% de cacau e com isso obtemos mais sabor, diferentes cores, aromas e texturas diversas. Uma infinidade a nossa disposição!


Desafio qualquer um a abrir um livro de receitas e folhear algumas páginas sem encontrar uma receita que leve chocolate ou cacau. Não tem por onde, chocolate é encontrado amplamente, de norte a sul deste mundão de receitas de meu Deus! Não é que quero babar ovo pelo chocolate, mas receitas com ele tem mais sabor, tem personalidade, tem a química exata que se espera daquele... primeiro beijo! Uma receita com chocolate tem sempre a parte de derreter, adicionar, misturar, derramar com delicadeza até incorporar à massa que se mostra escura, homogênea, robusta e cheirosa, pronto, a mágica acontece! Com chocolate é assim.



Há tempos atrás, lá pelos meus 12 anos, eu era um pouco de outro planeta também... Chocolate não estava em minha top list de preferências. Meu paladar ainda não estava preparado para tanta perfeição, para se arrebatar com sabores tão pronunciados e envolventes. Não. Era menina demais para isso. Na Páscoa ganhava ovos e os escondia atrás da gaveta. Sabe como é?

Retira-se a gaveta com cuidado. Coloca-se todos os ovos com delicadeza e bem posicionados na parte do fundo, lá perto da parede. Devolve-se a gaveta com cuidado para não os esmagar em vão. Pronto, deve funcionar! Deve...


E com isso, pretendia ter ovos de Páscoa durante o ano todinho! Uma mordidinha por vez, dia a dia, pequenas porções eram degustadas, saboreadas com parcimônia. Mas não por amar ou fazer reverência a ele, não. Como havia dito, não estava na minha lista dos queridinhos. Então, porquê? A explicação se dava na medida que meus ovos acabavam mais rápido do que minhas comedidas mordidas, mesmo com a estratégia "das gavetas" a todo vapor! Havia outro alguém nessa história. Minha irmã caçula, hoje nutricionista, que já apreciava muitíssimo essa iguaria, dia a dia, sorrateiramente, mordiscava meus ovos com sofreguidão. Sim! Ela já havia descoberto meu esconderijo! Dotada de um paladar mais apropriado para a idade, era com ousadia e rapidez que liquidava com meus ovos de Páscoa antes mesmo que a próxima chegasse.


Essas coisas podem acontecer com ele ou por causa dele. Chocolate causa arrebatamentos como esse, por onde passa é notado, por todo lugar é desejado, não tem jeito não! Chocolate é universal, quem duvida?


E assim termina este pequeno texto contando um singelo momento chamado... Hygge!


Luciana Corrêa – Mixing Things with Love

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